Às dezoito horas do sétimo dia do mês de julho
de dois mil e dezessete, na sala Paulo Freire (13), do bloco H-12, realizou-se
a quarta reunião do Grupo de Estudos em Políticas Educacionais, Gestão e
Financiamento da Educação, com a presença dos/as seguintes integrantes: Andressa
Garcia de Macedo, Ana Carolina Guimarães, Beatriz Cordeiro Rosa, Carla
Cerqueira Romano, Carolina Feliciano Romualdo, Cristina Schneider Wagner,
Debora Vidal de Moraes, Jani Alves da Silva Moreira, Lilian Regina Pinheiro, João
Paulo Pereira Coelho, Maria Eunice França Volsi, Marina Silveira B. Santos,
Natália Gimenes Monteiro, Nadia Maria Biaz, Maria Carolina Miessa, Isabela
Carolina de França Martins, Paula Guedes da Silva, Paulo Rogério de Souza, Poliana
Ferreira de Oliveira, Raquel Alessandra de Deus Silva, Silvia Alessandra Taluana
Paula Bernardinelli, Thamires Ciappina e Vinicius Renan Rigolin de Vicente. A
reunião teve os seguintes itens de pauta: 1) Apresentação de novos integrantes
do Grupo; 2) Avisos e informação de eventos científicos; e, por fim, 3)
Continuidade da Discussão do livro
Esquerda e Direita: razões e significados de uma distinção política (1995),
de Norberto Bobbio. Sobre o item 1) Apresentação de novos integrantes do Grupo,
foram apresentadas novas acadêmicas que integrarão o GEPEFI. Para tanto, elas
serão adicionadas nas redes sociais do Grupo para comunicação de avisos ou de atividades.
Com relação ao item 3) Discussão do livro
Esquerda e Direita: razões e significados de uma distinção política (1995),
de Norberto Bobbio, as integrantes Poliana, Raquel e Thamires, bem como o
integrante Vinícius conduziram as discussões referentes aos quatro últimos capítulos
do livro em questão. Embora a obra
pareça ser de fácil entendimento, o autor trata de questões complexas e as
relaciona com fatos da realidade política italiana, o que exige considerar
aspectos do local e da época em que foi escrita. As questões debatidas no livro
são importantes tanto para contexto em que foi escrito (1995), na Itália, quanto
para o cenário atual, não apenas brasileiro, mas global. Norberto Bobbio
(1909-2004) nasceu em Turim, na Itália, e foi filósofo, escritor e senador
vitalício italiano. Abaixo, apresenta-se uma breve síntese realizada pelos
discentes que conduziram as discussões.
NORBERTO BOBBIO
5.
OUTROS CRITÉRIOS
Dino Confrancesco propõe a redefinição da
direita, por essa ser mais contestada, a alma da direita “nada fora e contra a
tradição, tudo na e pela tradição”. O autor entende por “crítica” uma análise
avaliativa que direita e esquerda são historicamente relativos. O homem de
direita é aquele que se preocupa em salvaguardar a tradição. O homem de
esquerda ao contrário é aquele que pretende libertar seus semelhantes das
“cadeias” a eles impostos pelos privilégios de raça, casta, classe etc. Por
fim, esquerda e direita são lugares do “espaço político”.
6.
IGUALDADE E DESIGUALDADE
O critério utilizado para distinguir a direita da
esquerda é a ideia que o homem enquanto ser social têm perante os conceitos
de: igualdade, liberdade e paz. Nos discursos, ao distinguir esquerda de
direita, a esquerda é dita como mais igualitária e a direita
como menos igualitária.
O conceito da igualdade é relativo e o autor considera pelo
menos três variáveis a se ter em consideração: 1) Quais os sujeitos entre
os quais se trata de repartir os bens e as obrigações; 2) Quais os
bens e as obrigações a serem repartidos; 3) Qual o critério com base
os quais estes devem ser repartidos.
As variáveis demonstram a desejabilidade e
realizabilidade da idéia de igualdade, levantando assim a questão:
"Igualdade sim, mas entre quem, em relação a quê e com base em que
critérios?"
A
doutrina igualitária tende a reduzir as desigualdades sociais e a tomar menos
penosas as desigualdades naturais. O igualitarismo é a crença de que todas as
pessoas são iguais e devem ser iguais, “apenas o necessário é necessário”. As desigualdades naturais existem,
podendo ser minimizadas, mas não podendo ser eliminadas. As
desigualdades sociais também existem, pode ser minimizadas e até mesmo
desencorajadas. Os diferentes
status sempre influenciam no tratamento dado por parte dos poderes políticos. Os igualitários consideram que os homens sejam iguais e desiguais, mas consideram que a maior parte das desigualdades são sociais e por isso elimináveis. Já os inigualitários sabem que os homens são iguais e desiguais e parte do princípio que a maior parte das desigualdades são naturais, sendo inelimináveis.
status sempre influenciam no tratamento dado por parte dos poderes políticos. Os igualitários consideram que os homens sejam iguais e desiguais, mas consideram que a maior parte das desigualdades são sociais e por isso elimináveis. Já os inigualitários sabem que os homens são iguais e desiguais e parte do princípio que a maior parte das desigualdades são naturais, sendo inelimináveis.
Como exemplo, o autor escreve sobre o movimento feminista
como um movimento igualitário que busca o reconhecimento de que
as desigualdades entre homens e mulheres são produtos
de costumes, leis, imposições do mais forte sobre o mais fraco e são
socialmente modificáveis. A esquerda e a direita têm posições diversificadas
sobre o movimento feminista e outros fatores.
7.
LIBERDADE E AUTORIDADE
O ideal de igualdade, em sua supremacia, está ligado ao ideal de
liberdade. Neste último há diferentes conceitos que podem ser empregados. Em
várias situações, a liberdade e a igualdade podem assumir relações de
compatibilidade, de incompatibilidade ou de uma equilibrada combinação entre
ambas. Ainda, a expressão “idêntica liberdade” é genérica e ambígua, visto que
não existe liberdade em geral, mas liberdades singulares, bem como há uma
distinção entre ter todas as liberdades singulares e usufruí-las.
Essas considerações anteriores são necessárias para a definição de
esquerda e de direita, segundo os critérios de igualdade-desigualdade e de
liberdade-autoridade. É preciso destacar que, embora se atribua, comumente, a
direita como libertária e a esquerda como igualitária, “existiram e ainda
existem doutrinas e movimentos libertários tanto à direita quanto à esquerda
(BOBBIO, 1995, p. 118)”.
De acordo com os critérios de igualdade e de
liberdade, apresenta-se o seguinte esquema, porém, é evidente que na realidade
esse se expressa de forma bem mais diversificada.
a) na extrema-esquerda estão os movimentos simultaneamente igualitários
e autoritários;
b) no centro-esquerda, doutrinas e movimentos simultaneamente
igualitários e libertários;
c) no centro-direita, doutrinas e movimentos simultaneamente libertários
e inigualitários;
d) na extrema-direita, doutrinas e movimentos
antiliberais e anti-igualitários.
8.
A ESTRELA POLAR
A luta pela igualdade é a grande
característica da esquerda, sendo a extinção da propriedade individual um de
seus maiores óbices no decorrer de sua história. “[...] A discriminação entre
ricos e pobres [...]” (BOBBIO, 1995, p. 123), e a inalienabilidade da
propriedade individual seriam os motivos principais da ocorrência de
desigualdades e discriminações em nossa sociedade. Bobbio declara ser a favor
da esquerda, considerando-se desse partido. Relata acontecimentos vividos na
sua infância. Menciona que debate político entre direita e esquerda continua
ativo e intenso. A luta pela igualdade nunca pôs em discussão as fontes
principais da desigualdade, que são: “[...] a classe, a raça e o sexo [...]”
(BOBBIO, 1995, p. 128).
BOBBIO, N. Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção
política. São Paulo: Editora da UNESP, 1995.
Nada
mais havendo a tratar, a reunião encerrou-se às 20h00min e eu Poliana Ferreira
de Oliveira, lavrei essa ata, que segue assinada por todos.