quarta-feira, 21 de junho de 2017

ATA DA TERCEIRA REUNIÃO DO GRUPO DE ESTUDOS EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS, GESTÃO E FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO, REALIZADA NO DIA 05 DE JUNHO DE 2017.

Às dezoito horas do quinto dia do mês de junho de dois mil e dezessete, na sala Paulo Freire (13), do bloco H-12, realizou-se a terceira reunião do Grupo de Estudos em Políticas Educacionais, Gestão e Financiamento da Educação, com a presença dos/as seguintes integrantes: Andressa Garcia de Macedo, Beatriz Cordeiro Rosa, Carla Cerqueira Romano, Carolina Feliciano Romualdo, Cristina Schneider Wagner, Erika Ramos Januario, Jani Alves da Silva Moreira, Jeinni Kelly Pereira Puziol, João Paulo Pereira Coelho, Maria Eunice França Volsi, Marina Silveira B. Santos, Natália Gimenes Monteiro, Paula Guedes da Silva, Paulo Rogério de Souza, Poliana Ferreira de Oliveira, Raquel Alessandra de Deus Silva, Taluana Paula Bernardinelli, Thamires Ciappina e Vinicius Renan Rigolin de Vicente. A reunião teve os seguintes itens de pauta: 1) Apresentação de novos integrantes do Grupo; 2) Avisos e informação de eventos científicos; e, por fim, 3) Discussão do livro Esquerda e Direita: razões e significados de uma distinção política (1995), de Norberto Bobbio. Sobre o item 1) Apresentação de novos integrantes do Grupo, foram apresentadas novas acadêmicas que integrarão o GEPEFI. Para tanto, elas serão adicionadas nas redes sociais do Grupo para comunicação de avisos ou de atividades. No que concerne ao item 2) Avisos e informação de eventos científicos, os discentes Poliana, Raquel e Vinícius relataram a participação no II Seminário Interinstitucional de Pesquisa em Educação da Região Sul – II SIPERS – que ocorreu na cidade de Cascavel-PR. As participantes Beatriz e Carolina submeteram trabalhos referentes à suas pesquisas ao XIII Congresso Nacional de Educação - XIII EDUCERE – que acontecerá de 28 a 31 de agosto de 2017, na cidade de Curitiba-PR. Além disso, a professora Jani alertou aos interessados em participar do V Encontro da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação – FINEDUCA –, o qual ocorrerá entre os dias 24 e 25 de agosto em Natal-RN, que a data para submissão de trabalhos é até 26 de junho. Ainda, a professora Maria Eunice comunicou a respeito da realização de um Projeto de Ensino que acontece aos sábados de manhã sobre estudos da área de Políticas e Gestão Educacional. Com relação ao item 3) Discussão do livro Esquerda e Direita: razões e significados de uma distinção política (1995), de Norberto Bobbio, as integrantes Poliana, Raquel e Thamires, bem como o integrante Vinícius conduziram as discussões referentes aos quatro primeiros capítulos do livro em questão. Embora a obra pareça ser de fácil entendimento, o autor trata de questões complexas e as relaciona com fatos da realidade política italiana, o que exige considerar aspectos do local e da época em que foi escrita. As questões debatidas no livro são importantes tanto para contexto em que foi escrito (1995), na Itália, quanto para o cenário atual, não apenas brasileiro, mas global. Norberto Bobbio (1909-2004) nasceu em Turim, na Itália, e foi filósofo, escritor e senador vitalício italiano. Abaixo, apresenta-se uma breve síntese realizada pelos discentes que conduziram as discussões.

DIREITA E ESQUERDA - RAZÕES E SIGNIFICADOS DE UMA DISTINÇÃO POLÍTICA
NORBERTO BOBBIO
1.    A DISTINÇÃO CONTESTADA
Direita e esquerda, a partir da Revolução Francesa, serviu para dividir o universo político em duas partes opostas. Sartre é um dos primeiros a dizer que a direita e esquerda são duas caixas vazias. “Esquerda” e “direita” não indicam apenas ideologias, são programas contrapostos em que as ideias, interesses e valores dizem respeito a direção em que a sociedade deve seguir.
Sociedades democráticas toleram, ou melhor, pressupõem a existência de diversos grupos de opinião e de interesse em concorrência entre si, ora integram-se, ora se separa e sempre estão em movimento. O que se colocam em posição intermediaria são chamados de centro ou terceiro incluído, o qual estes não eliminam as diferenças entre a “esquerda” e “direita”. Tanto no caso do predomínio da Direita sobre a Esquerda, quanto no caso contrário, as duas partes continuam a existir simultaneamente e a extrair cada uma delas a própria razão de ser da existência da outra, mesmo quando uma ascende na cena política e a outra desce. Os da “direita” e os da “esquerda” dizem, o fim das contas, as mesmas coisas, formulam, para o uso e o consumo de seus eleitores, mais ou menos os mesmos programas e propõem-se os mesmos fins imediatos.

2.    EXTREMISTAS E MODERADOS
O autor escreve em um contexto de campanha eleitoral na Itália, no momento em que a esquerda e a direita vêm se estabilizando enquanto ideologias distintas desde a Revolução Francesa. No segundo capítulo, o autor focaliza a discussão na transmigração que alguns autores fazem entre as ideologias esquerda e direita. Como exemplo Nietzsche que é entendido como pai da esquerda juntamente com Marx e Carl Schmitt, foi homenageado pela esquerda, mas por um tempo foi teórico do Estado nazista. A ambigüidade nas interpretações, as crises de ideologias e “confusionismo” doutrinário não é algo novo na história.
A revolução, a contrarrevolução e o que seus movimentos têm em comum não dependem do alinhamento “esquerda” e “direita”, o que têm em comum é a radicalização e estratégias da díade extremismo-moderantismo. Os extremos se tocam, contendo um ponto de convergência, ainda que permaneçam objetivos diferentes.
O moderantismo é gradualista e revolucionário e entende a história como um desenvolvimento. O extremismo é catastrófico e entende a história por rupturas e saltos qualitativos. Entre as concepções, não existe uma mais verdadeira que a outra, precisam ser compreendidas como historicamente condicionadas, pelos seus métodos, e fins.

3.    A DÍADE SOBREVIVE
Embora a díade seja muito contestada, as expressões “direita” e “esquerda” são plenamente usadas na linguagem política, tanto entre partidos políticos, como no interior dos próprios partidos. A forma de representar as relações do universo político é a de dicotomia ou de díade, visto que o meio político é constituído por relações de antagonismos e caracterizado pelo processo de bipolarização, ou seja, pela existência de apenas dois polos opostos. 
O nome que recebe a díade “direita” e “esquerda” remonta a Revolução Francesa, devido a uma metáfora espacial, e a sua designação poderia ser distinta. No entanto, apesar da possibilidade de mudança na denominação, “[...] a estrutura essencial e originalmente dicotômica do universo político permanece” (BOBBIO, 1995, p. 67). Ademais, a díade “direita” e “esquerda” também pode confluir com uma metáfora temporal, a qual possibilita diferenciar os inovadores dos conservadores, os progressistas dos tradicionalistas.
“Direita” e “esquerda” possuem dois significados: um descritivo e outro avaliativo. O primeiro permite que nunca sejam atribuídos significados totalmente contrários a uma mesma palavra.  O significado avaliativo, por sua vez, consiste em uma conotação axiológica. Na extrema oposição entre a díade, para que a esquerda se torne positiva, por exemplo, é necessário que a direita seja negativa. Saber qual dos termos é positivo ou negativo refere-se a uma avaliação a partir de juízos de valor.

4.    EM BUSCA DE UM CRITÉRIO DE DISTINÇÃO
Desde que a Direita e Esquerda continuam a ser usadas para designar diferenças no pensar e no agir políticos, qual a razão ou razões para a distinção?
No Livro de Laponce (1981) o autor sugere duas metáforas espaciais para linguagem política: ordenação vertical, alto-baixo; da ordenação horizontal, direita-esquerda. A vertical é forte, enquanto a horizontal nascida da Revolução Francesa é fraca. Durante a Revolução Francesa surgiu a concepção “direita” e “esquerda”, que estão contrapostas em todas as épocas. Assim como vertical e horizontal independem uma da outra, elas demonstram a relação governantes-governados.
As duas metáforas têm funções representativas, não há eliminação de uma para com a outra. São a díade no sistema de eleição e na democracia. Uma representa o lado positivo e o outro traz imagem negativa sempre, inclusive com analogias religiosas.
A direita e esquerda diante de algumas sondagens atuais está entre o sacro e o profano. A religião se posiciona a direita e o Ateísmo à esquerda. Ao final do livro há um embate entre política e religião, no qual o triunfo final está com a religião.

BOBBIO, N. Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção política. São Paulo: Editora da UNESP, 1995.


No próximo encontro, dia 07 de julho, serão discutidos os próximos capítulos da obra de Bobbio. Nada mais havendo a tratar, a reunião encerrou-se às 20h40min e eu, Raquel Alessandra de Deus Silva, lavrei essa ata, que segue assinada por todos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário