Às dezoito horas do quinto
dia do mês de junho de dois mil e dezessete, na sala Paulo Freire (13), do
bloco H-12, realizou-se a terceira reunião do Grupo de Estudos em Políticas
Educacionais, Gestão e Financiamento da Educação, com a presença dos/as
seguintes integrantes: Andressa Garcia de Macedo, Beatriz Cordeiro Rosa, Carla
Cerqueira Romano, Carolina Feliciano Romualdo, Cristina Schneider Wagner, Erika
Ramos Januario, Jani Alves da Silva Moreira, Jeinni Kelly Pereira Puziol, João
Paulo Pereira Coelho, Maria Eunice França Volsi, Marina Silveira B. Santos,
Natália Gimenes Monteiro, Paula Guedes da Silva, Paulo Rogério de Souza, Poliana
Ferreira de Oliveira, Raquel Alessandra de Deus Silva, Taluana Paula
Bernardinelli, Thamires Ciappina e Vinicius Renan Rigolin de Vicente. A reunião
teve os seguintes itens de pauta: 1) Apresentação de novos integrantes do
Grupo; 2) Avisos e informação de eventos científicos; e, por fim, 3) Discussão
do livro Esquerda e Direita: razões e
significados de uma distinção política (1995), de Norberto Bobbio. Sobre o
item 1) Apresentação de novos integrantes do Grupo, foram apresentadas novas acadêmicas
que integrarão o GEPEFI. Para tanto, elas serão adicionadas nas redes sociais
do Grupo para comunicação de avisos ou de atividades. No que concerne ao item 2)
Avisos e informação de eventos científicos, os discentes Poliana, Raquel e
Vinícius relataram a participação no II Seminário Interinstitucional de
Pesquisa em Educação da Região Sul – II SIPERS – que ocorreu na cidade de
Cascavel-PR. As participantes Beatriz e Carolina submeteram trabalhos
referentes à suas pesquisas ao XIII Congresso Nacional de Educação - XIII
EDUCERE – que acontecerá de 28 a 31 de agosto de 2017, na cidade de Curitiba-PR.
Além disso, a professora Jani alertou aos interessados em participar do V
Encontro da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação –
FINEDUCA –, o qual ocorrerá entre os dias 24 e 25 de agosto em Natal-RN, que a
data para submissão de trabalhos é até 26 de junho. Ainda, a professora Maria
Eunice comunicou a respeito da realização de um Projeto de Ensino que acontece
aos sábados de manhã sobre estudos da área de Políticas e Gestão Educacional.
Com relação ao item 3) Discussão do livro
Esquerda e Direita: razões e significados de uma distinção política (1995),
de Norberto Bobbio, as integrantes Poliana, Raquel e Thamires, bem como o
integrante Vinícius conduziram as discussões referentes aos quatro primeiros
capítulos do livro em questão. Embora
a obra pareça ser de fácil entendimento, o autor trata de questões complexas e
as relaciona com fatos da realidade política italiana, o que exige considerar
aspectos do local e da época em que foi escrita. As questões debatidas no livro
são importantes tanto para contexto em que foi escrito (1995), na Itália, quanto
para o cenário atual, não apenas brasileiro, mas global. Norberto Bobbio
(1909-2004) nasceu em Turim, na Itália, e foi filósofo, escritor e senador
vitalício italiano. Abaixo, apresenta-se uma breve síntese realizada pelos
discentes que conduziram as discussões.
DIREITA E ESQUERDA - RAZÕES E SIGNIFICADOS DE UMA DISTINÇÃO
POLÍTICA
NORBERTO BOBBIO
1.
A DISTINÇÃO CONTESTADA
Direita e esquerda, a partir da Revolução Francesa, serviu para dividir
o universo político em duas partes opostas. Sartre é um dos primeiros a dizer
que a direita e esquerda são duas caixas vazias. “Esquerda” e “direita” não
indicam apenas ideologias, são programas contrapostos em que as ideias,
interesses e valores dizem respeito a direção em que a sociedade deve seguir.
Sociedades democráticas toleram, ou melhor, pressupõem a existência de
diversos grupos de opinião e de interesse em concorrência entre si, ora
integram-se, ora se separa e sempre estão em movimento. O que se colocam em
posição intermediaria são chamados de centro ou terceiro incluído, o qual estes
não eliminam as diferenças entre a “esquerda” e “direita”. Tanto no caso do
predomínio da Direita sobre a Esquerda, quanto no caso contrário, as duas
partes continuam a existir simultaneamente e a extrair cada uma delas a própria
razão de ser da existência da outra, mesmo quando uma ascende na cena política
e a outra desce. Os da “direita” e os da “esquerda” dizem, o fim das contas, as
mesmas coisas, formulam, para o uso e o consumo de seus eleitores, mais ou
menos os mesmos programas e propõem-se os mesmos fins imediatos.
2.
EXTREMISTAS E MODERADOS
O autor
escreve em um contexto de campanha eleitoral na Itália, no momento em que a
esquerda e a direita vêm se estabilizando enquanto ideologias distintas desde a
Revolução Francesa. No segundo capítulo, o autor focaliza a discussão na
transmigração que alguns autores fazem entre as ideologias esquerda e direita.
Como exemplo Nietzsche que é
entendido como pai da esquerda juntamente com Marx e Carl Schmitt, foi
homenageado pela esquerda, mas por um tempo foi teórico do Estado nazista. A
ambigüidade nas interpretações, as crises de ideologias e “confusionismo”
doutrinário não é algo novo na história.
A
revolução, a contrarrevolução e o que seus movimentos têm em comum não dependem
do alinhamento “esquerda” e “direita”, o que têm em comum é a radicalização e
estratégias da díade extremismo-moderantismo. Os extremos se tocam, contendo um
ponto de convergência, ainda que permaneçam objetivos diferentes.
O
moderantismo é gradualista e revolucionário e entende a história como um
desenvolvimento. O extremismo é catastrófico e entende a história por rupturas
e saltos qualitativos. Entre as concepções, não existe uma mais verdadeira que
a outra, precisam ser compreendidas como historicamente condicionadas, pelos
seus métodos, e fins.
3.
A DÍADE SOBREVIVE
Embora a díade seja muito contestada, as expressões “direita” e
“esquerda” são plenamente usadas na linguagem política, tanto entre partidos
políticos, como no interior dos próprios partidos. A forma de representar as
relações do universo político é a de dicotomia ou de díade, visto que o meio
político é constituído por relações de antagonismos e caracterizado pelo
processo de bipolarização, ou seja, pela existência de apenas dois polos
opostos.
O nome que recebe a díade “direita” e “esquerda” remonta a Revolução
Francesa, devido a uma metáfora espacial, e a sua designação poderia ser
distinta. No entanto, apesar da possibilidade de mudança na denominação, “[...]
a estrutura essencial e originalmente dicotômica do universo político
permanece” (BOBBIO, 1995, p. 67). Ademais, a díade “direita” e “esquerda”
também pode confluir com uma metáfora temporal, a qual possibilita diferenciar
os inovadores dos conservadores, os progressistas dos tradicionalistas.
“Direita” e “esquerda” possuem dois significados: um descritivo e outro
avaliativo. O primeiro permite que nunca sejam atribuídos significados totalmente
contrários a uma mesma palavra. O
significado avaliativo, por sua vez, consiste em uma conotação axiológica. Na
extrema oposição entre a díade, para que a esquerda se torne positiva, por
exemplo, é necessário que a direita seja negativa. Saber qual dos termos é
positivo ou negativo refere-se a uma avaliação a partir de juízos de valor.
4.
EM BUSCA DE UM CRITÉRIO DE DISTINÇÃO
Desde que a Direita e Esquerda continuam a
ser usadas para designar diferenças no pensar e no agir políticos, qual a razão
ou razões para a distinção?
No Livro de Laponce (1981) o autor sugere duas metáforas espaciais para
linguagem política: ordenação vertical, alto-baixo; da ordenação horizontal,
direita-esquerda. A vertical é forte, enquanto a horizontal nascida da
Revolução Francesa é fraca. Durante a Revolução Francesa surgiu a concepção
“direita” e “esquerda”, que estão contrapostas em todas as épocas. Assim como
vertical e horizontal independem uma da outra, elas demonstram a relação
governantes-governados.
As duas metáforas têm funções representativas, não há eliminação de uma
para com a outra. São a díade no sistema de eleição e na democracia. Uma
representa o lado positivo e o outro traz imagem negativa sempre, inclusive com
analogias religiosas.
A direita e esquerda diante de algumas sondagens atuais está entre o
sacro e o profano. A religião se posiciona a direita e o Ateísmo à esquerda. Ao
final do livro há um embate entre política e religião, no qual o triunfo final
está com a religião.
BOBBIO, N. Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção
política. São Paulo: Editora da UNESP, 1995.
No próximo encontro, dia 07 de julho, serão
discutidos os próximos capítulos da obra de Bobbio. Nada mais havendo a tratar,
a reunião encerrou-se às 20h40min e eu, Raquel Alessandra de Deus Silva, lavrei
essa ata, que segue assinada por todos.
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